segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma mãe tem que ser chata...


"Anjinho da guarda" - André Sardet

Hoje transcrevo uma crónica que me chegou às mãos.
Escrita por Isabel Stiwell e publicada no "Notícias Magazine"
Com a devida vénia à autora... .

Mother and Child - Klimt
Mother and Son - Klimt


"Uma mãe tem que ser chata. Até à hora da morte. E até depois disso: mesmo quando já se tiver mudado de armas e bagagens para o Paraíso, uma progenitora digna desse nome continua a dar ordens e a mandar vestir um casaquinho nos dias em que ameaça chover.
Uma mãe de jeito tem que pregar insuportáveis sermões, deve vender os seus valores e convicções sem medo de estar a ser politicamente incorrecta, confirmar se as unhas estão cortadas, apagar a televisão a meio de um episódio emocionante, desligando sem remorsos o computador se alguma das criaturas se recusa a ir para a cama, por se julgar na obrigação de pôr a conversa em dia com todas as amigas e inimigas. Uma mãe pode e deve mandar colocar a loiça na máquina, arrumar o quarto, e não se deve comover nem um bocadinho quando ele/ela lhe diz que "todos os outros pais deixam!". Tem também de aceitar que lhe chamem "forreta" - afinal o que é que lhe custava gastar vinte euros do multibanco para a entrada numa discoteca - e aceitar também que "não percebe nada de nada!".
As mães são velhas, ponto final. E de alguém que sobreviveu à Idade da Pedra não se podem esperar conselhos úteis ao século XXI. As mães, além de chatas, forretas e velhas gagás, também estão sempre em falta: ou não marcaram uma consulta, ou foram (ou não foram) a uma reunião da escola, ou falaram alto de mais na rua, ou baixo de mais no supermercado.
É que se as mães não forem chatas, nunca poderão tirar a prova dos nove. E a prova dos nove é ter filhos que refilam, protestam e se recusam a submeter-se à sua autoridade, ou seja, filhos dignos desse nome.

Por isso, mães de todo o mundo, neste dia que é nosso, unam-se para lhes darem cabo do juízo. É uma obrigação patriótica, se não queremos um planeta invadido por atadinhos, mal-educados, que cospem na sopa e não ajudam as velhinhas a atravessar a rua."

Isabel Stilwell

Que sorte eu ter uma!