quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Luísa

"Verdes são os campos" - Uxia

Olá!

Estava há muito tempo para lhe responder.

Quis responder-lhe apenas quando tivesse o tempo e atenção que a Luísa me merece.
Quis responder-lhe quando se tornasse óbvio que a minha resposta não seria apenas uma resposta de circunstância e de etiqueta.
Quis responder-lhe quando encontrasse as palavras certas, as palavras que mais se aproximem daquilo que gostaria de lhe dizer.

Reparei hoje que (na ânsia da honestidade e da verdade para as minhas palavras) não lhe tinha dado nenhuma resposta! Deixei-me, pois, da utopia do texto exacto e vou arriscar a imprecisão e a falibilidade da emoção.

Às vezes (raramente) temos a sorte de encontrar pessoas como a Luísa. E quando nos cruzamos com essas pessoas, confrontamo-nos com a nossa mediocridade, experimentamos a nossa banalidade e vemos, de relance, aquilo que gostaríamos de ser.

Já houve tempos em que – qual adolescente inseguro – desejei conhecer e privar com pessoas “famosas”, “conhecidas”, “notáveis”. Desejei poder dizer, com aquela vaidade oca: «Eu conheço-o. Eu já falei com ela. Foi meu professor. Fulana? Ah! Converso muitas vezes com ela… Costumamos trocar e-mails» e gabar-me ostentosamente, não do que sou, mas daqueles a quem conhecia. Felizmente passou-me…
Hoje, olho para alguns “famosos” e percebo que a fama é, frequentemente, fruto de circunstâncias favoráveis, muito mais do que méritos próprios ou virtudes admiráveis.
Hoje, olho para alguns desses “conhecidos” e reconheço (com um sorriso quase trocista) que tenho a sorte, que tenho esse inefável privilégio de ter entre as pessoas que se cruzaram comigo (que olharam para mim, que sabem o meu nome, que já alguma vez se riram ou se irritaram comigo) gente incomparavelmente maior, gente indiscutivelmente melhor, gente verdadeiramente notável.

A Luísa é um desses privilégios!
É com orgulho, ufano, que eu me digo a mim mesmo: «Conheci-a e trabalhei com ela. Houve até ocasiões em que ela veio ter comigo». E esta vaidade enorme, esta promoção pessoal permanece como uma “medalha” para mim.
Não é uma dessas vaidades para dizer ou para publicar… Mas é uma dessas satisfações que nos acompanham nos silêncios da vida.

Creia - creia, porque nada há que justificasse a adulação falsa -, creia: foi um prazer, foi um privilégio, foi uma honra ter trabalhado consigo.
A delicadeza, a honestidade, a sinceridade, o rigor, o profissionalismo, a elegância da sua inteligência, a simplicidade da sua humanidade são referências para mim.

Não chego a lamentar a sua “reforma”, porque a estimo tanto, a considero tanto que sei que, mais do que ninguém, merece tudo o que a vida tem de bom para nos dar.
E confesso-lhe mais: a escola já não a merecia. Ainda bem que pôde sair. Tenho a certeza que encontrará os sítios e as pessoas merecedoras do seu sorriso e dos seus abraços.
Junto daqueles que são verdadeiramente importantes. Junto dos seus. No regaço quente de uma família que criou e que quer e merece desfrutar, finalmente, da Luísa.

Do fundo do coração: seja feliz! Muito…


José Paulo Vasconcelos
Tomar, 2010

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